Na cerimónia de Encerramento do 33.º Encontro Nacional da APMGF foi assinado o Protocolo de Cooperação entre a Sociedade Portuguesa de Pediatria e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
Os presidentes da APMGF e SPPediatria, respetivamente Dr. Rui Nogueira e Prof.ª Doutora Teresa Bandeira, assinaram formalmente o protocolo de cooperação no Centro de Congressos do Estoril na cerimónia de Encerramento do 33.º Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.
Discurso da Presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria:
Boa tarde a Todos,
Permitam-me que dirija um cumprimento especial neste dia ao Dr . Rui Nogueira, Presidente da APMGF e ao Dr. Nuno Jacinto, Secretário Geral da APMGF, pelo muito que têm colaborado na construção deste Protocolo.
É com enorme gosto institucional, mas também pessoal, que aqui estou como Presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria, na assinatura deste Protocolo, que vem celebrar uma relação que se tem vindo, de novo, a estreitar nos últimos tempos, fruto da consciência de objectivos comuns na formação de profissionais, na investigação, na construção de normas e nos cuidados de saúde à Criança.
É uma oportunidade para recordar o enorme património de investimento histórico na saúde e no bem estar das crianças, investimento de longa data das duas sociedades científicas.
Em 2015 celebraram-se os 25 anos da ratificação, por Portugal, da Convenção dos Direitos da Criança, os 50 anos do Programa Nacional de Vacinação (PNV) e os 25 anos das Comissões Nacionais de Saúde Materna e da Criança.
Houve particular atenção aos cuidados de saúde à criança e estímulo às Famílias: recomendações sobre medidas de incentivo à natalidade, a proibição do tabaco em todos os espaços públicos fechados até 2020 e da venda de todas as bebidas com etanol a menores de 18 anos; o Decreto-Lei nº 61/2015 de 22 de abril alargou a isenção do pagamento das taxas moderadoras a todos os menores de idade. Foi introduzida a 13.ª vacina do PNV criado em 1965.
Em 2015 a taxa de mortalidade infantil foi de 2,98; abaixo dos 3 pelo terceiro ano consecutivo, e a natalidade de cerca de 85000 em 2015, descolando dos 82000 de 2014 e 2013, não tendo ainda, no entanto, atingido valores pré-crise económico financeira e de valores dos últimos anos.
Há uma evolução enorme, mas não estão resolvidos todos os desafios nos cuidados de saúde à criança.
Embora a maioria das crianças seja já atendida em serviços de saúde dedicados existem ainda algumas excepções. E sublinha-se a enorme importância deste acolhimento à criança inserida no programa de vigilancia de saude ou de doença aguda ou cronica.
A esperança média de vida dos portugueses aumentou, sendo, na atualidade, equivalente à dos países nórdicos. No entanto vive-se em Portugal com menos cerca de 8 a 9 anos de qualidade de vida! Portugal enfrenta hoje muitos dos riscos de saúde e problemas dos outros países ocidentais. Tem uma população envelhecida, elevadas taxas de doenças crónicas e doenças não-transmissíveis e elevados níveis de obesidade, de doenca cardiovascular e pulmonar cronica. Cerca de 54% da população ou seja, 5,4 milhões de portugueses sofrem de pelo menos uma doença crónica em Portugal.
A intervenção precoce na saúde da criança para além do impacto na mortalidade infantil, tem repercussões na qualidade de vida e no bem-estar ao longo do ciclo de vida.
“Deem-me uma criança até aos sete anos e eu vos mostrarei o homem”. A ideia de que os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional de uma pessoa não é nova. Muitas das doenças crónicas têm origem nos primeiros anos de vida
Estas duas sociedades, todos quantos aqui estamos temos uma responsabilidade individual e coletiva para mudar o paradigma da saúde em Portugal, trabalhando em conjunto na prevenção e na promoção da saúde desde os primeiros anos de vida, fortalecendo laços e criando sinergias potenciadoras da boa informação, do conhecimento e da satisfação de profissionais, crianças e famílias.
Juntos construiremos uma parte do futuro!
Parte publicada em: Jornal Médico de Família; 2016, IV Ed, Nº2: 21-4
http://www.apmgf.pt/ficheiros/JMF_IV_2/index.html
10/03/2016