Como resultado da vacinação, a poliomielite foi eliminada na maior parte dos países do mundo, incluindo a região Europeia da OMS (livre de doença desde 2002), tendo sido prevista a interrupção da transmissão do vírus selvagem até final de 2014.
A incidência de poliomielite reduziu drasticamente em Portugal na sequência da campanha de vacinação com que se deu início, há 50 anos, ao Programa Nacional de Vacinação (PNV) (1965). Como resultado do grande sucesso deste programa, o último caso de poliomielite por vírus selvagem ocorreu em 1986. No entanto, pelas razões acima referidas, o risco de importação do vírus mantém-se.
O facto do último caso de doença provocado por vírus selvagem em Portugal já ter ocorrido há quase três décadas leva a que esta doença não seja evocada nos diagnósticos diferenciais e que a investigação epidemiológica da poliomielite não faça parte da prática habitual dos profissionais de saúde.
A DGS coordena desde 1995 o Programa Nacional de Erradicação da Poliomielite, que foi recentemente actualizado, e que tem como objectivos manter a ausência de circulação do vírus em Portugal e o estatuto nacional de eliminação da poliomielite, segundo os critérios internacionais.
Programa Nacional de Erradicação da Poliomielite – Plano de Ação Pós-Eliminação, 2014
O programa é composto por quatro estratégias: vacinação, vigilância, contenção laboratorial e resposta a eventual importação do vírus. Esta atualização reforça a importância da vacinação dos grupos de risco (viajantes e migrantes de países afetados e profissionais de saúde), a importância da integração das vigilâncias clínica e laboratorial e detalha as acções de resposta à eventual importação do vírus.
A operacionalização do programa cabe aos profissionais de saúde, que necessitam de estar alerta para a doença e para os procedimentos a efectuar.
A vigilância da paralisia flácida aguda (PFA) é considerado o gold standard para a detecção de casos de poliomielite. Os diagnósticos que mais frequentemente cursam com PFA são a poliomielite, a síndrome de Guillian-Barré, a neurite traumática e a mielite transversa.
Para uma adequada avaliação do risco e para a prevenção e controlo eficazes da transmissão do vírus, à semelhança de outros países, Portugal optou por uma estratégia de vigilância da PFA complementada pela vigilância de Enterovírus. De acordo com estimativas da OMS, o número mínimo anual de casos esperados de PFA é de 1/100 000 em <15 anos de idade, o que corresponderá a um mínimo de 15 casos/ano para Portugal. No entanto, nos últimos anos, o número de casos de PFA notificados em <15 anos de idade foi entre 5 e 9/ano, estando muito aquém do esperado.
Assim, é importante que os profissionais envolvidos na vigilância da PFA estejam familiarizados com as características clínicas e epidemiológicas da poliomielite e que tenham um papel de formadores no seu local de trabalho, para que esta vigilância possa melhorar.
Outros links:
http://www.polioeradication.org/Home.aspx
http://www.ecdc.europa.eu/en/healthtopics/polio/pages/index.aspx
Semana Europeia da Vacinação e alerta da DGS:
http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+portugal/noticias/sem+eur+vacin+2015.htm