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O risco de transmissão de infecção VIH na escola associa-se aos mesmos factores que fora da escola: toxicodependência e sexual

Declarações de José Gonçalo Marques, membro do Grupo de Trabalho do VIH na Criança, da Secção de Infecciologia Pediátrica da SPP

Há crianças com infecção VIH que não são aceites nas escolas. A informação deve ser omitida?


1. Qual a posição do Grupo de Trabalho sobre a Infecção por VIH na Criança, da Secção de Infecciologia Pediátrica da SPP, sobre esta matéria ?
As crianças com infecção por VIH devem ser encaradas com os mesmos direitos e cuidados que as outras crianças na frequência do infantário/creche ou da escola.

Todas as escolas têm obrigação de manter adequadas condições de higiene e de conhecer, transmitir e aplicar as “Precauções Básicas” iguais para todas as crianças, que resumidamente consistem em:
- Evitar o contacto com sangue ou fluidos contaminados com sangue
- Se alguma criança apresenta uma ferida sangrante: chamar um adulto; usar luvas; lavagem correcta e imediata das mãos.
- Limpeza imediata das superfícies sujas (lixívia).
- Caso haja contacto com sangue ou produtos contaminados com sangue potencialmente infectado deve ser efectuada referenciação ao hospital da área
- Pode ser necessário (para qualquer criança): o afastamento temporário se tiver lesões exsudativas ou sangrantes; o ensino em meio restrito ou mais vigiado se a criança tiver hábitos agressivos

A infecção VIH não se diagnostica pelo aspecto nem pela condição social. E a mesma situação se verifica para outras doenças transmissíveis.


2. Quais são os reais perigos que existem para as crianças (a infectada e os colegas).
O VIH é um vírus de baixa transmissibilidade pelo que se recomenda que no lidar com estas crianças se tenham apenas as mesmas precauções que se devem ter com todas as crianças ou adultos.
Não há casos documentados de transmissão do VIH em escolas ou creches, nem por picada acidental não ocupacional.
Não são infectantes: Lágrimas, Saliva, Suor, Urina, Fezes.
O risco de transmissão de infecção VIH na escola associa-se aos mesmos factores que fora da escola: toxicodependência e sexual.

Parte da falência da estratégia de prevenção da transmissão do VIH vem da falsa ideia que é transmitida nos spots publicitários e nalgumas intervenções públicas. A mensagem que passa é: “faz o que quiseres desde que uses preservativo e não partilhes seringas”.

Existe um conhecimento inconsistente/deficiente dos riscos da promiscuidade e toxicodependência. Há que associar a responsabilidade à sexualidade. Há que lutar eficazmente contra a toxicodependência, que é um risco mesmo nos que não usam drogas endovenosas, pelos comportamentos que se lhe podem associar. Muitos dos adolescentes infectados podem não o saber e estar assintomáticos.

A escola permite a intervenção no tempo certo.

3. Quais as vantagens e desvantagens de não avisar na escola.
Desde que os pais da criança manifestem o seu acordo, deve ser promovida uma reunião que englobe os pais, um ou dois responsáveis escolares, o médico assistente e o médico de saúde escolar. Os benefícios esperados são:
- estruturação de eventual apoio especial (nutricional, educativo, social…);
- o alerta rápido do aparecimento de uma doença contagiosa para a qual os doentes com infecção VIH tenham maior susceptibilidade;
- a administração de medicamentos na própria escola, situação felizmente cada vez mais rara;
- a eventual necessidade de tratamento profiláctico após contacto com sangue.

O principal risco é o não respeito pela confidencialidade que pode levar à discriminação.
As crianças bem controladas em termos médicos, assintomáticas, sem necessidade de apoio especial, têm infelizmente mais a perder do que a ganhar enquanto esta doença cobardemente acarrete um estigma.

José Gonçalo Marques
Membro do Grupo de Trabalho do VIH na Criança da Secção de Infecciologia Pediátrica da SPP

Declarações à agência Lusa

Notícia da agência lusa dia 09-03-08 (32Kb)

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